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Resenha do Livro: “O gato que amava livros”

O Gato Que Amava Livros
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Título: O gato que amava livros

Autor: Sosuke Natsukawa

Tradução: Fernanda Dias

Capa e ilustração: Peguin Random House Grupo Editorial/ Carlos Pamplona

Editora: Outro Planeta (Planeta do Brasil)

Ano: 2022

Páginas: 240

Classificação Indicativa: 14 anos e acima

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Sinopse

Em “O gato que amava livros”, a Livraria Natsuki era uma loja de livros usados quase fora da cidade. Quem passava por lá via estantes altas abarrotadas das mais maravilhosas obras literárias. Rintaro Natsuki amava aquele lugar, erguido pelo trabalho do avô que o criou com todo o amor – passou muitas horas felizes por aqueles corredores lendo o que desejava. A livraria era o refúgio perfeito para esse garoto doce, porém recluso.

Após a morte do avô, Rintaro fica sozinho e arrasado: tudo indica que precisará fechar a livraria. É quando um surge um misterioso gato que diz buscar um verdadeiro amante de livros para acompanhá-lo em uma missão. A improvável dupla, então, enfrentará aventuras mágicas para resgatar livros aprisionados, maltratados e abandonados.

É uma história reconfortante sobre encontrar a própria coragem, sobre cuidar de si e dos outros – e sobre o imensurável poder dos livros.

Livro “O gato que amava livros”

Ler é muito bom, mas quando terminar, é hora de colocar os pés no mundo

Existem fantasias que carregam adrenalina em suas páginas e que são capazes de fazer o coração de um leitor acelerar. E existem fantasias que fazem um convite silencioso à contemplação. De visão de mundo, de como enxergamos a nós mesmos, de onde nos encaixamos e de como levamos a nossa vida. Sobre a humanidade, sobre afetos e sobre o amor pela leitura. “O gato que amava livros”, de Sosuke Natsukawa, chega de mansinho, através de uma escrita simples, e deixa marcas cada vez mais profundas a cada página.

Rintaro Natsuki é um menino tímido e introspectivo, um estudante do ensino médio que não se destaca em nenhuma matéria em particular e que também não é bom em esportes, um aluno mediano. Seus pais haviam se separado quando ele era apenas um bebê. E sua mãe faleceu um pouco antes dele entrar no ensino médio. Foi aí que acabou indo morar com o seu avô, onde encontrou o seu refúgio.

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Frase do livro “O gato que amava livros”, de Sosuke Natsukawa

O avô tinha uma loja chamada Livraria Natsuki, um pequeno sebo que ficava escondido em uma rua na parte antiga da cidade na qual morava. Cheia de corredores com prateleiras que iam do chão ao teto. Não tinha nenhum bestseller do momento, nem mangás ou revistas populares. Eram livros usados, mas extremamente bem cuidados, livros antigos que já não se encontrava mais em qualquer lugar. Não gerava grandes lucros, mas também não dava nenhum prejuízo.

Foi nesse ambiente que Rintaro cresceu, cercado por livros. O local perfeito para um menino um tanto recluso quanto ele. Ali, encontrava um abrigo do mundo exterior, no qual achava que não se encaixava bem. A livraria do seu avô era o seu porto seguro. E foi com o avô que ele aprendeu o amor pelos livros.

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Frase do livro “O gato que amava livros”, de Sosuke Natsukawa

Em “O gato que amava livros” vemos que um dia, ao acordar, Rintaro estranha o fato de seu avô, que sempre lentava cedo, ainda não ter acordado. Indo verificar, descobre que o avô morreu. De maneira repentina, um provável ataque cardíaco. Nada parece real para o menino.

Uma tia, de bom coração e muito eficiente, veio de uma cidade distante para cuidar de tudo, de todas as formalidades até o funeral. Rintaro não chorava, aquilo era simplesmente absurdo para ele. Se despediu em silêncio do avô, ainda sem acreditar que aquilo era real. O que seria dele agora? A livraria seria fechada, e ele iria morar com uma tia que, por melhor que fosse, ele havia acabado de conhecer.

No dia seguinte ao enterro do avô, Rintaro inicia o “bota fora” da livraria. Desde o ocorrido, não comparecia a escola e estava cada vez mais recluso, o que deixava dois amigos extremamente preocupados, e cada um ao seu modo, fazia o que podia para ajudar. Ryota Akiba, um garoto da mesma escola, mas de um ano a frente do dele. Cliente fiel da livraria. E Sayo Yuzuki, aluna da mesma sala que ele, representante de turma. Rintaro e ela se conheciam desde crianças. E ele admirava como ela era determinada e direta.

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Frase do livro “O gato que amava livros”, de Sosuke Natsukawa

É nesse cenário melancólico que algo estranho acontece com ele. Quando estava na livraria, começou a ouvir uma voz falando com ele, mas não havia ninguém ali, exceto um gato malhado laranja. E ao encarar o gato, eis que esse se apresenta como Tigre e diz que tem assuntos a tratar com o novo proprietário da loja. Precisava de ajuda para salvar livros. Achando que aquele momento era um resultado do seu cansaço, estresse e a morte do avô, fecha os olhos, imagina estar sonhando após ter desmaiado de sono. Ao abrir os olhos novamente, lá estava o gato, que o encarava e insistia, precisava de ajuda.

Livros correm perigo. É preciso entrar em um labirinto para salvá-los. Não é tarefa simples. O labirinto funciona com o poder da verdade, e não importa o quão distorcidas forem as verdades que por ali permeiam, basta que haja a convicção pessoal de alguém para que muitas coisas sejam possíveis de acontecer ali. Não salvar os livros, significa ficar preso ali para sempre.

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Frase do livro “O gato que amava livros”, de Sosuke Natsukawa

Rintaro diz que não pode ajudar com essa situação, visto que está deprimido, portanto é inútil. O gato se diz totalmente consciente disso, mas precisa de alguém que ame, de verdade, os livros. Ele pode recusar, mas isso deixaria o Tigre decepcionado. Cedendo a isso, Rintaro acompanha o gato até o fundo da loja, e descobre que na parede que seria o final do corredor, não existe nada que impeça a entrada a um outro corredor, esse repleto de livros belíssimos que ele nunca havia visto.

O livro “O gato que amava livros”, leva Rintaro, acompanhado por um gato de olhar curioso, humor ácido e brutalmente sincero, a uma jornada tanto mágica quanto simbólica, salvar livros daqueles que os tratam sem amor, ainda que digam que os ame. Aqui somos apresentados a quatro labirintos, que levam o protagonista e a nós a refletirmos sobre o verdadeiro sentido de ler, não apenas como quem folheia páginas e páginas, mas como quem se deixa transformar pelo conteúdo que há nelas.

Primeiro labirinto, um homem que se diz ocupado demais, pois precisa ler muitos livros e mais livros e mais livros. E todos aqueles já lidos eram guardados em fileiras e mais fileiras de expositores.

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Frase do livro “O gato que amava livros”, de Sosuke Natsukawa

Segundo labirinto, o diretor de uma empresa que criou a dinamização da leitura, um método infalível sobre como ler mais rápido, para então poder ler mais e mais, até dezenas de livros por dia.

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Frase do livro “O gato que amava livros”, de Sosuke Natsukawa

Terceiro labirinto, um vendedor de livros que trabalha para a maior editora do mundo, que inclusive conhece a Livraria Natsuki, focado apenas na produção e lucro de livros vendíveis.

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Frase do livro “O gato que amava livros”, de Sosuke Natsukawa

Quarto labirinto, uma mulher, um livro antigo que estava perdendo o seu poder. Um livro que passou por muitas pessoas, influenciando e sendo influenciado por quem o leu. Havia uma curiosidade e mesmo raiva sobre a lacuna entre o idealismo e a realidade.

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Frase do livro “O gato que amava livros”, de Sosuke Natsukawa

O gato que amava livros” é mais do que uma simples história sobre livros e seus conteúdos. De maneira delicada, ele nos mostra como cada história que nos toca, permanece viva dentro de nós. E que talvez sejam essas histórias que nos ensinam a olhar o mundo de uma forma diferente, com mais curiosidade, empatia e coragem. Os livros têm alma.

Em meio a todos os desdobramentos de cada labirinto, percebemos o quanto a presença do avô é constante em sua vida, mesmo após sua partida. Descobrimos através de lembranças, escolhas particulares que ele fez e palavras de sabedoria que deixou como guia para a vida do pequeno neto. Dando a obra uma sensibilidade fascinante.

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Frase do livro “O gato que amava livros”, de Sosuke Natsukawa

Rintaro, ao enfrentar cada obstáculo que vai surgindo e as verdades que outros carregam, lida também com as suas próprias verdades, seus medos, anseios, as escolhas diante da própria vida, ou a falta delas. Passa a ver de maneira diferente aqueles que estão a sua volta, passa a se ver de maneira diferente e então começa a falar mais sobre o que e como está se sentindo.

O quanto Rintaro poderia tocar e transformar a vida das pessoas naquele labirinto? O quanto ele poderia ser tocado e transformado por essa jornada? O quanto tudo isso impactaria na vida dos livros? Quem é o Tigre? Qual o peso de mudar a si próprio? Ou melhor, por que mudar? Por que o óbvio quanto a humanidade já não é mais óbvio no nosso mundo atual?

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Frase do livro “O gato que amava livros”, de Sosuke Natsukawa

O gato que amava livros” nos leva a refletir sobre a importância da compaixão e empatia, solidão e pertencimento, sobre confiar e acreditar em si mesmo, cuidar de si mesmo e escolher o seu próprio caminho. Amar livros sim, mas também viver além deles. E o livro ainda conta com uma inteligentíssima crítica à superficialidade que vem rodeando o mundo da leitura, principalmente nos dias atuais. Em um mundo de números e status, Sosuke Natsukawa, nos lembra que as palavras só ganham vida quando tocam a alma de quem as recebe.

Nesse encontro silencioso entre quem escreve e quem lê, descobrimos o valor do conhecimento que transforma, em vez daquele que apenas se acumula. A calma que permeia toda a narrativa, nos faz desacelerar e parar para apreciar a profundidade da mensagem que está sendo passada. Não há suspenses e nem reviravoltas mirabolantes, mas tem algo em “O gato que amava livros” que fica ecoando na mente e no coração de quem o lê, ao menos foi assim comigo. E não apenas sobre os livros ou como esses estão sendo consumidos, mas sobre o lado mais bonito que carregamos enquanto humanos.

Você ama livros? Entende a diferença entre ler com o coração e não apenas com os olhos? Então acho que o livro “O gato que amava livros” foi feito para você. Se interessou? Dá uma chance. Leia e depois venha aqui me contar o que achou.

  • ATENÇÃO, ANO CORRETO DO EXEMPLAR: 2022. livro em bom estado de conservação;===livro usado===; texto preservado; capas co…

Curiosidades

Sosuke Natsukawa, além de escritor, também é médico, atua em Nagano, no Japão. Foi vencedor do prêmio Shogakukan de ficção com o “O gato que amava livros”, seu romance de estreia, que acabou sendo reconhecido internacionalmente.  

E esse já possui uma continuação, inclusive já traduzida em nossa idioma, “O gato que salvou a biblioteca”, também publicado pela Outro Planeta (Editora Planeta do Brasil)

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