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Resenha do Livro: “A livraria dos achados e perdidos”

A Livraria dos Achados e Perdidos
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Título: A livraria dos achados e perdidos

Autor: Susan Wiggs

Tradução: Flora Pinheiro

Capa: Renata Vidal

Editora: Harlequin

Ano: 2020

Páginas: 368

Classificação Indicativa: 14 anos e acima

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Sinopse

Em “A livraria dos achados e perdidos“, após uma tragédia, Natalie Harper herda a charmosa, mas praticamente falida, livraria de sua mãe, localizada num prédio histórico no centro de São Francisco, na Califórnia, e a responsabilidade de cuidar do seu avô Andrew, cada vez mais debilitado.

Com a recusa de Andrew em vender a loja, Natalie deixa sua antiga vida – segura, confortável e previsível – para trás e volta para São Francisco determinada a recuperar a livraria que um dia foi seu lugar favorito no mundo. Porém, sua vida se parece mais com um livro de horror do que com um conto de fadas. O prédio está caindo aos pedaços, as dívidas se acumulam rapidamente, a saúde do avô entra em declínio e ela não consegue ver uma luz no fim do túnel.

Natalie precisa de um sinal, ou pelo menos de um livro que a ajude a resolver seus problemas, mas em vez disso recebe Peach Gallagher, contratado por sua mãe para fazer reparos no prédio. À medida que Peach começa seu trabalho, Natalie se vê envolvida numa jornada de novas conexões, descobertas e revelações, de artefatos antigos escondidos nas paredes da livraria até verdade inexploradas sobre sua família, seu futuro e seu coração.

Livro “A livraria dos achados e perdidos”

Diga-me, o que você pretende fazer com sua vida, selvagem, preciosa e única? (Mary Oliver)

O livro “A Livraria dos Achados e Perdidos”, escrito por Susan Wiggs, é um daqueles romances contemporâneos para quem adora histórias que falam sobre antepassados, lembranças, descobertas, recomeços e claro, livros. O cenário da maior parte dessa história é uma charmosa livraria, situada no coração do centro histórico de São Francisco. Um lugar com a sua própria história, entrelaçando-a a vida de muitos que por ali passaram. O prédio que abriga a livraria carrega tesouros de vidas ocultas, fantasmas com segredos esperando para virem à tona.

Natalie Harper, filha de Blythe Harper e neta de Andrew Harper, vive em Archangel, Sonoma County, na Califórnia. Sua mãe e avô moram em São Francisco, comandam a Livraria do Achados e Perdidos, onde ela cresceu. Atualmente, Natalie trabalha na empresa Pinnacle Vinhos Finos, onde acaba de receber uma promoção para o cargo de vice-presidente de inventário digital, por ter feito um acordo de um milhão de dólares com um grupo de restaurantes de luxo, de quem seriam fornecedores exclusivos de vinhos. Ela devia estar em êxtase, não é?

Sem Titulo 7
Frase do livro “A livraria dos achados e perdidos” de Susan Wiggs

Natalie, buscou em sua vida adulta o que lhe faltou na infância, organização e estabilidade, algo previsível. Foi assim que escolheu o seu trabalho, pela estabilidade e pelo potencial de markenting, afinal sempre haveria lugar para alguém que soubesse gerenciar tecnologia da informação e logística, porque, segundo ela, é o tipo de trabalho que noventa e nove por cento das pessoas desprezam e não suportam fazer.

Em “A livraria dos achados e perdidos“, vemos que ela conquistou o queria. Um trabalho estável, apartamento confortável, um carro, um bom relacionamento, uma vida segura, mas faltava algo. No trabalho, não importa o quanto se dedica, a sensação é de estar quebrando pedras. Sua equipe não ajuda muito, constantemente tem que consertar os erros dos outros. Passou então a odiar o trabalho. Onde mora, tem tudo o quer e o que gosta, e ainda assim seu apartamento não lhe desperta o sentimento de lar.

Rick, seu namorado, trabalha como piloto de avião na Aviação Inovação. Estavam juntos há quase um ano. Segundo ela, ele é bonito, legal, bem-sucedido e com boa família, no entanto existia um “mas”. Por mais compatíveis que fossem, nada progredia entre eles. Andava se questionando se o amava mesmo, se a paixão já não havia esfriado. Achava que estava prestes a terminar o relacionamento.

Sem Titulo 4
Frase do livro “A livraria dos achados e perdidos” de Susan Wiggs

No dia de sua promoção, houve uma festa na empresa, tanto para anunciar o novo cargo como para comemorar o acordo fechado. Foi o dia em que sua vida mudou completamente o rumo. E não pelo cargo mais alto e nem por ter ouvido sua equipe dizendo o quanto ela era uma chefe tóxica. Mas porque nem sua mãe e nem seu namorado haviam comparecido para a festa.

Sua mãe não lhe deu nenhuma justificava e seu namorado disse estar em um voo de teste para a empresa. E então, no caminho de volta para casa, Natalie ouve no rádio sobre a queda de um avião da Aviação Inovação, tanto piloto quanto passageiro não sobreviveram. Preocupada que fosse algum conhecido de Rick, ela dirige até a empresa dele e lá chegando se depara com uma dor que não imaginava sentir tão cedo. O piloto era seu namorado e a passageira sua mãe.

Acompanhamos dois funerais em “A livraria dos achados e perdidos“. No do Rick, a irmã dele lhe entrega um anel que foi encontrado no bolso do casaco dele, dizendo que ele gostaria que ficasse com ela. No da mãe, ela descobre que naquele dia, Rick iria pedi-la em casamento, e havia buscado a mãe dela de avião para que ela pudesse estar presente no momento. Quanto a Rick, sentia culpa, pois estava pensando em terminar tudo, e quanto a mãe, a sensação era de que seu coração fora arrancado do peito.

Sem Titulo 9
Frase do livro “A livraria dos achados e perdidos” de Susan Wiggs

Sua família nunca havia sido convencional. O avô, Andrew, havia sido deixado pela sua primeira esposa, que fugiu com outro homem que lhe prometera vida melhor, lhe deixando apenas Blythe, que tinha menos de um ano na época. Blythe engravidou de um professor assistente na faculdade, e quando descobriu que ele já era casado e tinha três filhos, ela voltou para casa. E ali criou-se a família de Natalie, formada pelos três. E agora, de repente, havia apenas ela e o avô. E esse parecia estar deixando-a aos pouquinhos.

Andrew, havia caído há um tempo e quebrado o quadril. Após o episódio passou a mudou-se para o apartamento debaixo do prédio onde morava. Sua memória andava desaparecendo e seus pensamentos ficavam confusos entre o que era real ou não. Mas após a mudança, outros sintomas começaram a aparecer, estava sempre cansado, seu estômago reagia mal a todo tipo de alimento e a comida parecia ter gosto de metal. Os médicos não compreendiam esses sintomas. E ele dizia que poderia se virar sozinho, mas Natalie via todos os cuidados a mais que ele precisava ter.

O avô, que constantemente a confundia com a mãe, e a livraria, foi tudo o que sobrou na vida dela. Como seguir em frente? Como seguir com o trabalho e cuidar do avô ao mesmo tempo, cada um ficando em um local diferente? O que fazer com a livraria? O que fazer consigo mesma diante de tamanha dor?

Sem Titulo 3
Frase do livro “A livraria dos Achados e Perdidos” de Susan Wiggs

Ficou uns dias cuidando do avô e mantendo a livraria funcionando, junto com Cleo e Bertie, funcionários e amigos de sua mãe, mas precisava voltar ao trabalho. Precisava começar a se colocar em ordem. No entanto, ao retornar, se viu diante das mesmas coisas, dos mesmos comportamentos, as mesmas pessoas, o mesmo de tudo aquilo que a estava fazendo odiar estar ali. Percebeu que, um dia na livraria a havia feito mais feliz do que um ano naquela rotina segura, porém desgastante. Decidiu demitir-se e encerrar sua vida em Archangel. Sentiu uma leveza que há tempos não sentia.

Vemos em “A livraria dos achados e perdidos” que em algum ponto de sua vida, Natalie se convenceu que emoção é risco. Crescer em uma livraria tinha sido divertido, mas ver sua mãe se afundando em dívidas, foi o que a fez buscar uma carreira estável e sem muitas surpresas. E agora, ali estava ela. Em meio aos livros, paixão de sua mãe. Em um lugar que tudo lembrava a ela. O que fazer? Como fazer? Como recomeçar? O que manter? O que deixar ir?

Sem Titulo 5
Frase do livro “A livraria dos achados e perdidos” e Susan Wiggs

Ao abrir o notebook de sua mãe, descobriu pesquisas, principalmente sobre seus antepassados, e dívidas. Muitas. Da livraria, custo e manutenção da loja, execução de hipoteca, impostos, empréstimos, pagamentos atrasados e a cirurgia do avô. Percebe que a melhor opção seria vender. No entanto, ao conversar com uma advogada descobre que a livraria está apenas no nome do avô, sua mãe não constava nem como sócia, mas dadas as condições de saúde de Andrew, ela poderia entrar com um pedido de curatela, alegando capacidade mental reduzida, podendo então fazer a transação em seu nome.

Não tendo coragem de seguir por esse caminho, conversa com o avô sobre as dívidas e sobre a possibilidade de vender a livraria. Ele se recusa imediatamente. Ali estava a história de sua família, da maior parte de sua linhagem, para ele, ali tinha tesouros visíveis e invisíveis. Inclusive um tesouro que ele acreditava que sua avó havia escondido naquele prédio, história contada por seu pai. Continuar ali, significava evitar que sua mente ficasse vagando, era para ele a única maneira de manter o seu mundo intacto. Como negar isso a ele?

Sem Titulo 6
Frase do livro “A livraria dos achados e perdidos” de Susan Wiggs

A livraria dos achados e perdidos“, nos mostra que entre constantes pedidos silenciosos para que ele não a deixasse também, cada vez que ela o encontrava com o olhar vago, ou que ela precisava lembrar a ele que ela era Natalie e não Blythe, e que sua filha havia morrido, ela decide manter a loja, fazê-la funcionar.

Com total apoio de Cleo e Bertie, busca várias maneiras de aumentar o faturamento. Mas quanto mais mexia em assuntos da livraria, mais dívidas achava. Sem saber o que fazer ou como fazer, faz um apelo silencioso em um momento de desespero, pedi por um sinal, mínimo que seja, de que esse é o caminho para se seguir, de que isso é o que realmente precisa fazer.

Dorothy, uma garotinha encantadora e apaixonada por livros. Peter Gallagher, um faz tudo contratado por sua mãe para fazer reformas e adaptações no prédio. Trevor Dashwood, o escritor mais aclamado do momento. Objetos encontrados entre paredes. A história do prédio e as histórias que ele carrega. Seus antepassados, o que foi perdido, o que foi encontrado, o que foi vivido. E claro, muitos livros. Seriam esses os seus sinais? Seriam eles a trazer todas as mudanças que Natalie precisa? “A livraria dos achados e perdidos” nos mostra que não é apenas sobre a capacidade de alguém ou algo poder transformar você, mas sobre o quanto você se permitirá ser transformada por alguém ou pelo que acontece a sua volta.

Sem Titulo 2
Frase do livro “A livraria dos achados e perdidos, de Susan Wiggs

O livro “A livraria dos achados e perdidos” fala sobre mudanças repentinas, dores permanentes, responsabilidades, suas e pelos outros, escolhas difíceis, esperanças e descobertas que podem redefinir quem somos, nossos caminhos, e nosso futuro. Com uma escrita fluída, acompanhamos uma jornada sobre família, memórias e herança afetiva, amizade, amor e recomeços, sobre como reconstruir a vida após grandes perdas. Nos fazendo refletir em como permitimos que o nosso passado influencie nossas ações no presente e sobre o quanto de fato estamos vivendo ou se estamos meramente existindo. Sobre a nossa capacidade, tal qual de um livro, de reescrevermos nossa própria história.

Sem Titulo 1
Frase do livro “A livraria dos achados e perdidos” de Susan Wiggs

A história de “A livraria dos achados e perdidos”, contada por mais de um ponto de vista, tem uma narrativa delicada e sensível, tratando de temas difíceis de forma acolhedora, gerando identificação para aqueles que já passaram pelas mesmas situações e sendo capaz de emocionar e até inspirar o leitor. Um livro que está repleto de outros livros, mostrando o poder transformador que eles possuem, seja como entretenimento, refúgio ou inspiração, principalmente nos momentos de incerteza.

O desenvolvimento da história é daqueles mais lentos, mas isso não significa que seja uma história parada, a cada página você encontra novas descobertas ou as mudanças geradas por essas descobertas, ainda que sutis. Mas confesso aqui que, gostei sim do final, mas não da maneira como ele foi feito. Dado ao estilo de desenvolvimento da narrativa ao longo do livro “A livraria dos achados e perdidos“, o final nos trás o inverso, resoluções e desfechos rápidos, me fazendo questionar se talvez não fosse melhor cortar alguns enredos ou aumentar mais páginas para melhor elaborá-los, obviamente sou a favor da segunda opção.

Sem Titulo 8
Frase do livro “A livraria dos achados e perdidos” de Susan Wiggs

A mensagem que o livro traz é linda! Com sensibilidade, “A livraria dos achados e perdidos” no lembra que sempre é possível reescrever a própria história, basta ter coragem para virar a página. Se interessou? Dá uma chance. Leia e depois venha aqui me contar o que achou.

Curiosidades

Nessa edição do livro “A livraria dos achados e perdidos”, de Susan Wiggs, após os agradecimentos, há uma lista com todos os 83 livros publicados mencionados direta ou indiretamente ao longo da história. Há o título original e a tradução em português para aqueles que foram publicados em nosso pais, caso não tenham sido publicados aqui, há uma tradução livre.

E os livros citados estão em ordem de aparição, para que fique mais fácil encontrar aquele que mais te chamou a atenção e quem sabe talvez seja a sua próxima leitura. Além disso, também há uma lista dos autores que foram mencionados sem livros específicos ao longo da história.

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